sexta-feira, 21 de abril de 2017

manhã cinza

Eu ando pelas ruas e vejo pessoas de coração partido, pessoas boas, que sentem a dor, que sentiram tudo, sentiram demais e de repente, já imploram para não sentir mais nada, vejo pessoas que já não querem acreditar em nada.

Não conheço, nem pretendo conhecer, cada história, cada pessoa envolvida, cada palavra dita, cada resposta encontrada, cada dúvida ou certeza, isso tudo é muito próprio de cada um, é doloroso de ver.

O triste é que a paisagem dolorosa é  cada vez mais comum, todas as manhãs vêm amanhecendo tonalizadas de cinza, praticamente sem sol, sem sinal de chuva, sem sinal de melhora.  É uma manhã fria pra quem até pouco atrás estava no calor de bons momentos.

É uma manhã fria onde cada pessoa pega seu próprio moletom e sai de casa, com todos os sentimentos trancados dentro de si, onde uma ferida arde um pouco mais no processo de cicatrização e o cansaço da rotina se mostra presente logo que o pé  (esquerdo) é posto do lado de fora da porta.

É a manhã fria onde quase ninguém encontra a lojinha com um cappuccino quente, onde quase ninguém tem vontade para encontrar o conforto, porque é difícil acreditar na melhora, é difícil confiar no abraço outra vez. E se a neblina passa para alguns, os dias demoraram para voltar ao normal, sabe-se que o que tem que acontecer vai acontecer de qualquer forma e que é nessa lojinha que parece indiferente que as pessoas boas ficam dispostas a ajudar outras, o princípio é empatia.

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